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Perguntas frequentes sobre psicoterapia

Essa postagem não pretende esgotar o assunto sobre nenhum dos tópicos abaixo. A ideia é dar respostas breves para algumas dúvidas recorrentes em relação à psicoterapia, sendo direcionado principalmente àquelas pessoas que possuem alguma curiosidade ou pretendem dar início a esse processo. O conteúdo dessas respostas tende a ser um tanto generalista e amplo, levando em conta a existência de diferentes abordagens e formas de trabalho dentro da própria psicologia. Ah sim! Se você tiver alguma dúvida que não foi respondida aqui, entre em contato e envie sua sugestão. Tentarei atualizar essa postagem sempre que necessário e tratar de outros assuntos em artigos futuros. Agora, sem mais demora…

1. Em primeiro lugar, o que é psicoterapia?

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A psicoterapia é um processo onde se analisa e busca a melhoria de sofrimentos psicológicos, redução de angústias, resolução de condições emocionais relacionadas a eventos passados, desconfortos cotidianos, dúvidas e questionamentos sobre si mesmo e sua vida.

 

Pode-se colocar, de maneira geral, que o objetivo final da psicoterapia é permitir que o indivíduo possa se desenvolver para conseguir viver harmonicamente no seu meio e consigo.

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2. Quem pode ou deve fazer sessões com um psicólogo?

(Em outras palavras: “psicoterapia é coisa de gente louca?”)

Indo direto ao ponto: não é “coisa de gente louca” e qualquer pessoa pode fazê-la. Essa associação à loucura se deve muito às origens históricas da psicologia como profissão, principalmente pela forte relação com os tratamentos em hospitais psiquiátricos durante o século passado aqui no Brasil.

 

Hoje o cenário é muito diferente, mas essa imagem ainda preconcebida ainda permanece em boa parte da população. Ainda hoje se realizam atendimentos a casos bastante delicados (ex. transtornos delirantes, dissociativos, de personalidade, entre outros) em hospitais e clínicas, mas a atuação do psicólogo é muito mais abrangente. Eu coloquei propositalmente “sessões com um psicólogo” porque os atendimentos não se resumem a trabalhar sobre os transtornos psicológicos.

 

Qualquer pessoa pode recorrer a esse atendimento independente de idade, crenças, capacidades cognitivas, tipo de problemas ou situações pelas quais está passando.

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3. Quais são as indicações? Existem contraindicações?

Existem inúmeras indicações. Algumas mais comuns são:

  • Dificuldades em lidar com relacionamentos pessoais e/ou profissionais Desempenho inadequado no trabalho, escola ou faculdade

  • Dificuldades em lidar adequadamente com as próprias emoções Ansiedade generalizada ou em contextos específicos

  • Estresse crônico e/ou agudo

  • Depressão

  • Transtornos alimentares

  • Disfunções sexuais

  • Dificuldades de expressão e comunicação

  • Planejamento de carreira e orientação profissional

  • Busca de autoconhecimento

  • … e a lista vai longe!

Já em relação às contraindicações, não há consenso entre os próprios psicólogos. Existem abordagens de psicoterapia que desaconselham determinados pacientes a se submeter processo de análise, podendo esse terapeuta encaminha-lo para outra forma de tratamento ou acompanhamento com outro profissional. Outros psicólogos já observam que podem existir limitações técnicas ou pessoais para se conseguir desenvolver um bom trabalho, mas pode levar em consideração os potenciais ganhos que o paciente terá com a psicoterapia.

 

O mais importante, em caso de dúvidas sobre a indicação ou contraindicação a uma psicoterapia, é consultar um profissional habilitado para tirar suas dúvidas: dessa forma será mais seguro avaliar se há ou não há uma indicação para se iniciar a psicoterapia.

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4. Quantos tipos de psicoterapia existem?

Tantas quantos psicoterapeutas existentes. É verdade que existe um número limitado de abordagens teóricas - e ainda são diversas! - mas cada processo psicoterapêutico depende da formação do psicólogo, da sua experiência pessoal e profissional.

Podemos pensar nas abordagens teóricas como eixos de referência para cada tipo de psicoterapia (ex. psicanálise freudiana, psicanálise lacaniana, terapia analítico-comportamental, terapia cognitiva, terapia sistêmica, psicodrama, gestalt terapia, terapia centrada na pessoa, histórico-dialética, etc.), mas onde cada relação terapêutica se tornará única por envolver um terapeuta [com sua formação e leitura própria sobre cada caso] atendendo um paciente com sua história de vida também única e individual.

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5. O que devo esperar de um processo terapêutico?

O começo da terapia é um momento em que terapeuta e paciente estão se conhecendo, onde se estabelece um vínculo terapêutico e se traçam objetivos. Ao longo de todo o processo, essa avaliação será refeita a todo momento, podendo modificar os objetivos iniciais, reavaliar o uso de técnicas, traçar novas estratégias, descobrir um pouco mais sobre recursos do paciente e sua história de vida, avaliar os progressos obtidos. É algo muito dinâmico e interativo, como percorrer um caminho estimulante, desafiador e recompensador à medida que se prossegue um passo após o outro.
 

As sessões de psicoterapia costumam acontecer semanalmente e tem duração aproximada a 50 minutos. Embora essa seja uma prática normal, podem haver trabalhos com maior ou menor frequência ou tempo de duração. Se colocarmos esse tempo em perspectiva dentro da vida de uma pessoa, significa que ela passa apenas 0,5% da sua semana fazendo terapia! Parece pouco tempo para que se permitam mudanças (às vezes profundas) na vida de alguém, mas são minutos dedicados intensamente a analisar e intervir sobre as suas necessidades. Dessa forma, quanto maior for o comprometimento da pessoa com o seu próprio processo de terapia, melhores são suas chances de seguir em direção às mudanças desejadas. Às vezes isso pode exigir a reserva de alguns minutos durante a semana para refletir sobre os temas tratados dentro da sessão com o psicólogo, para praticar algumas tarefas propostas, para observar o seu próprio comportamento em situações cotidianas.

Esse comprometimento tende a tornar todo o processo mais produtivo, mas não garante que toda psicoterapia seja um caminho fácil e sempre agradável. Cada pessoa terá o seu próprio caminho a trilhar, às vezes com altos e baixos, às vezes mais sinuoso, em outros momentos um pouco mais curto e direto. Com o psicólogo acompanhando o paciente nesse caminho é possível contar com um ponto de referência e aprofundar questões, repensar atitudes e questionar sobre os caminhos a seguir. Diferente de um amigo ou familiar que o conheça bem, um psicoterapeuta possui treinamento específico para enxergar fatos relevantes, padrões de comportamento, propor alternativas e traçar um caminho em direção a novas descobertas.

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6. Quanto tempo dura a psicoterapia?

Essa é uma pergunta a princípio sem resposta exata. Cada caso exige um acompanhamento psicoterapêutico por um tempo diferente, dependendo do que motivou esse paciente a procurar esse trabalho, quais recursos ele tem para lidar com a situação, da experiência e formação técnica do terapeuta, dos objetivos da psicoterapia. Pode ser que haja um caso muito específico que se resolva com um ou dois atendimentos. Outros podem levar meses de trabalho para ter uma evolução clara. O importante é adequar a duração da psicoterapia ao ritmo da pessoa (que é individualizado) e aos objetivos propostos: há alguns processos que
podem ser mais ou menos estruturados, mas nunca podem ser definidos com precisão antes das avaliações iniciais.

 

O encerramento de uma psicoterapia se dá [idealmente] quando o psicoterapeuta e o paciente sentem ter explorado o bastante e desenvolvido os recursos e habilidades suficientes para viver equilibradamente naquele momento de vida. É claro que esse momento é uma determinação pessoal e pode ser que o paciente sinta-se preparado para interromper a terapia, independente do terapeuta considerar que ainda haveriam assuntos a serem trabalhados. O contrário também pode ocorrer, quando o terapeuta considera o paciente com autonomia para lidar com os desafios de sua vida, mas ainda assim esse não gostaria de abandonar a terapia. Em qualquer caso, sempre se busca um comum acordo sobre o momento de parada, seja ela natural ao processo terapêutico ou provocada por algum motivo de força maior.

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7. Qual é a diferença entre um psicólogo, um psiquiatra e um psicanalista?

Os três profissionais atuam em atividades relacionadas direta ou indiretamente à saúde mental e comportamental, como é possível inferir a partir do termo “psi”. No entanto, há diferenças importantes entre eles: o psicólogo é um profissional graduado em psicologia, tendo cerca de cinco anos de duração. Sua formação permite trabalhar em qualquer ambiente em que exista uma demanda para análise e intervenção sobre comportamentos, seja num consultório particular, no escritório de uma indústria, em órgãos públicos ou num clube esportivo. Quando atendendo pacientes no contexto clínico, é capacitado a diagnosticar transtornos psicológicos e comportamentais e realizar intervenções usando técnicas validadas (com embasamento científico testado e comprovado). O psicólogo não pode prescrever medicamentos – essa é uma atribuição privativa do médico psiquiatra. Quando necessário, o psicólogo pode trabalhar em conjunto com um psiquiatra para que o paciente tenha o suporte de medicação (ex. antidepressivos, antipsicóticos, estabilizadores de humor).

Por sua vez, o psiquiatra é um profissional graduado em medicina e com especialização em psiquiatria. Nesse caso, ele pode realizar diagnósticos sobre transtornos psicológicos e comportamentais, assim como o psicólogo, mas pode ainda receitar remédios. Os dois profissionais podem trabalhar sobre os mesmos tipos de casos, mas a sua leitura do psiquiatra sobre o paciente é um pouco diferente: ele lida diretamente com a interação fisiológica entre medicação e os sintomas apresentados pelo paciente, enquanto o psicólogo tende a buscar uma compreensão sobre as relações do comportamento do paciente com o seu ambiente e história de vida.
 

Também atendendo demandas de ordem psicológica, o psicanalista é um profissional que realizou uma formação específica em escolas de psicanálise. Essas escolas desenvolvem estudos, pesquisa e práticas sobre as teorias de psicanalistas como Sigmund Freud e Jacques Lacan. Nesse caso não há a obrigação de uma graduação prévia específica, mas o psicanalista deve aprofundar seus estudos e se submeter ao processo de análise durante o seu tempo de formação. Isso significa que tanto um psicólogo quanto um médico psiquiatra, um filósofo ou outros profissionais podem se tornar psicanalistas pelo mesmo caminho, depois de anos de estudo.

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8. Como funciona o sigilo profissional?

Esse é um cuidado muito sério que deve ser tomado pelo psicólogo, pois tem implicações éticas e práticas bastante sérias. Isso  cabem estabelecido no Código de Ética Profissional do Psicólogo:

"Art. 9º – É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional afim de proteger, por meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou organizações, a que tenha acesso no exercício profissional.”

O psicólogo deve obrigatoriamente garantir que todos os fatores relacionados ao atendimento (o local, forma de arquivamento e guarda dos seus registros e prontuários, seu relacionamento com outros profissionais, etc.) preservem a privacidade do seu paciente. Isso é fundamental para o desenvolvimento de um trabalho ético e tecnicamente adequado, uma vez que uma das bases para isso é o vínculo de confiança entre terapeuta e paciente. Ainda assim, em algumas situações de exceção é possível que haja a abertura de uma parte limitada das informações sobre o paciente (Art. 10º do mesmo código de ética), mas são casos muito raros e sempre devem ser avaliados com muito cuidado. Qualquer quebra de sigilo indevida implica em infração ao código de ética, acarretando penalidades impostas pelo CRP (Conselho Regional de Psicologia) ao psicólogo que a cometeu.

O Código de Ética Profissional do Psicólogo pode ser consultado na íntegra a partir do site do CFP (Conselho Federal de Psicologia), disponível pelo link:
 

http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/codigo_etica.pdf

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9. Como escolher um psicoterapeuta?

Não há uma regra geral, mas existem dicas importantes. Você pode encontrar um psicoterapeuta numa pesquisa de internet, por um catálogo de profissionais de planos de saúde, por cartões de visita entregues por algum conhecido ou por indicação de alguém que conheça seu trabalho. Em qualquer caso, a primeira dica é verificar quem é esse psicoterapeuta. Além das informações iniciais que você pesquisou sobre ele, é interessante verificar se esse psicólogo está inscrito no CRP (Conselho Regional de Psicologia) e habilitado para realizar os atendimentos na sua região. Outra questão fundamental é verificar se você se sente confortável sendo atendido(a) por esse terapeuta. Sem isso a relação terapêutica pode não se desenvolver a ponto de se aprofundar a psicoterapia ao nível necessário. Obviamente, isso pode exigir um primeiro contato com o psicólogo, seja por telefone ou numa sessão de entrevista inicial. Pode ser que essa “empatia” não aconteça logo na primeira sessão, sendo preciso mais algumas sessões para se estabelecer. Também não se deve esquecer de verificar se esse profissional investe com frequência em sua qualificação: a psicologia é uma ciência muito dinâmica e bons profissionais devem se atualizar constantemente.
 

Ser terapeuta homem ou mulher muda a forma do atendimento? Ser mais experiente ou mais jovem faz diferença? O que cobra caro é melhor do que os outros porque é mais competente? Sim e não. Essas regras intuitivas nem sempre condizem com a realidade. Escolher um terapeuta homem ou mulher é muito mais uma questão de preferência individual do que buscar diferenças técnicas no atendimento. É possível encontrar terapeutas recém saídos da universidade que possuem muito mais competência para atender do que psicólogos com décadas de atuação e que não se atualizaram ao longo desse tempo. Ou então ter melhores experiências com um atendimento pago a valor simbólico do que com um psicólogo cujos honorários são exorbitantes. Essas questões são de menor importância se você se certificar que seu psicólogo é profissional sério, tem domínio sobre a sua prática e ainda desenvolve uma boa relação com você. Lembrando disso, sua escolha tem maiores chances de levar a um bom resultado.

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10. E por fim, o que preciso fazer para começar com a psicoterapia?

Essa é uma pergunta a princípio sem resposta exata. Cada caso exige um acompanhamento psicoterapêutico por um tempo diferente, dependendo do que motivou esse paciente a procurar esse trabalho, quais recursos ele tem para lidar com a situação, da experiência e formação técnica do terapeuta, dos objetivos da psicoterapia. Pode ser que haja um caso muito específico que se resolva com um ou dois atendimentos. Outros podem levar meses de trabalho para ter uma evolução clara. O importante é adequar a duração da psicoterapia ao ritmo da pessoa (que é individualizado) e aos objetivos propostos: há alguns processos que
podem ser mais ou menos estruturados, mas nunca podem ser definidos com precisão antes das avaliações iniciais.

 

O encerramento de uma psicoterapia se dá [idealmente] quando o psicoterapeuta e o paciente sentem ter explorado o bastante e desenvolvido os recursos e habilidades suficientes para viver equilibradamente naquele momento de vida. É claro que esse momento é uma determinação pessoal e pode ser que o paciente sinta-se preparado para interromper a terapia, independente do terapeuta considerar que ainda haveriam assuntos a serem trabalhados. O contrário também pode ocorrer, quando o terapeuta considera o paciente com autonomia para lidar com os desafios de sua vida, mas ainda assim esse não gostaria de abandonar a terapia. Em qualquer caso, sempre se busca um comum acordo sobre o momento de parada, seja ela natural ao processo terapêutico ou provocada por algum motivo de força maior.

A primeira sessão é o momento em que você poderá colocar as suas motivações iniciais para buscar a psicoterapia. O psicólogo vai acolher a sua demanda da melhor forma possível, buscando compreender a necessidade da psicoterapia e ajudar você a estabelecer um primeiro caminho para a sua psicoterapia. Você também poderá tirar dúvidas e tratar do contrato terapêutico (verbal e/ou por escrito), onde se define o dia e horário da semana para a terapia, os valores dos honorários do profissional e outras regras relacionadas ao andamento das sessões.
 

A partir desse momento você já começou a sua psicoterapia. Essa pergunta se responde aqui, mas outras muito mais interessantes começarão a surgir… e que seja um caminho gratificante para você!

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